Life and Death Matters

I'm good at trivia, listen to progressive rock, drink Gin & Tonics, and read philosophy when nature calls. Curiously enough, I'm also single.

Tuesday, February 12, 2008

Carta Capital & Mino Carta

To my dear English-speaking readers, the following blog's in Portuguese. Once again, for translations, try out Foxlingo.

* * *

Falo, já há algum tempo, para quem quer e não quer ouvir, que a única revista semanal que presta neste país é a Carta Capital. Digo isto por algumas razões. Primeiramente, parece-me ser a única cuja eminência parda, Mino Carta, aparenta preocupar-se com Jornalismo. Em segundo lugar, trabalham na revista jornalistas de verdade (Phydia de Athaide, Leandro Fortes, Ana Paula Sousa, et al.), pessoas que investigam e cumprem aquilo que é, ao meu ver (de leigo), o dever de todo indivíduo que pratica tal profissão: buscar a maior aproximação possível da verdade. Em terceiro lugar, em nenhuma parte da revista encontra-se um português massacrado por pseudo-jornalistas aparentemente semi-analfabetos.

Mais importante, talvez, seja o fato de que, apesar de saberem que não podem visar, como público-alvo, mais do que a classe média, a classe média-alta e a classe alta, aqueles que trabalham na Carta Capital aparentam demonstrar genuíno interesse no Brasil inteiro como assunto, não apenas no Brasil que serve à cobiça daqueles que, por sorte, ganância, ladroagem, trabalho ou uma mistura destes, ganham mais de R$800 por mês.

A revista em questão não é perfeita, de maneira alguma, e não concordo com tudo que ela fala e faz. Ao meu ver, sua posição quanto a política econômica do governo Lula não é correta; acho que a revista errou feio na sua reportagem quanto ao filme Tropa de Elite; e acho um violento equívoco o fato de a Carta Capital nunca entrevistar o corpo do contingente das Polícias Militar e Civil -apenas Capitães, Coronéis e Delegados, e isso só de vez em quando.

Mas continua a ser uma revista semanal honesta: sempre foi pró-Lula, e assim nos conta, desde sempre. E quando discordou do mesmo; de seu governo; ou daqueles proximos do presente presidente, assim notificou ao seus leitores. Mino Carta é uma pessoa de esquerda; todos na revista, aliás o são (ou pelos menos o aparentam ser). O foda aqui no Brasil, já que este é um país francamente de direita (entre, claro, as pessoas que ganham mais de R$800 reais por mês, que são os únicos que realmente têm voz na Grande Imprensa) é que ter uma revista dessas já faz a muitos chiarem, chiado esse que ouvi quando, na banca da Nove Julho, próxima à entrada da FGV, sugeri ao meu amigo Eitan comprar a Carta. Disse-me ele que ela era "tendenciosa". Sim, por que a Veja não é. Nem a IstoÉ, nem a Época, nem a Veja.

O problema é que aqui, em Terra Brasilis, aquilo que não vem ao encontro da opinião de certo sujeito (Eitan, neste caso) é tendencioso(a). Imagino que muitos partidários do PCdoB devem achar a Veja super tendenciosa e a Caros Amigos a nona maravilha do mundo moderno, especialmente aquela edição especial que, se não me engano, intitulava-se "Cuba, Sempre" (foi após esta edição, diga-se de passagem, que deixei de ler a revista).

Muito mais interessante, talvez, seja as pessoas primarem por duas coisas: a procura do bom jornalismo (seja ele de direita, esquerda, centro, da casa da minha avó) e o entendimento de que tudo que há em termos de jornalismo e informação, mesmo agências de notícias (Reuters, Efe, etc.), é tendencioso.

Por último, vale mencionar que a Veja e a IstoÉ viveram seus melhores momentos de jornalismo quando Mino Carta era chefe de suas respectivas redações. Provavelmente saiu por suas posições, mas isso é conjectura minha.

Aqui vai, então, em três partes, uma entrevista que Carta deu ao jornalista esportivo Juca Kfouri no programa "Juca Entrevista", da ESPN. É um programa esportivo e um dos principais focos da entrevista foi, ou era para ser, os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, onde houve uma roubalheira por parte dos organizadores (Arthur Nuzman e Cia Ltda.) incrível. Como caveat, menciono que Juca também é de esquerda e muito provavelmente votou para a Heloísa Helena na eleição de 2006 pois, em sua entrevista para a revista Caros Amigos em Junho do mesmo ano, apresentou certa preferência por esta candidata.

Entrevista, Parte 1



Entrevista, Parte 2



Entrevista, Parte 3

1 comment:

  1. Já tivemos altos papos sobre isso. Aliás, eu comecei a ler Carta Capital por sua recomendação. Infelizmente, até hoje, eu ainda encaro o meu encontro semanal com a revista como seu eu estivesse tomando uma colherada de Biotônico Fontoura--It tastes like shit, mas alguém te diz que faz bem and you trust them enough to keep taking it.

    A revista é exatamente o que você descreveu--bem escrita, aprofundada, etc. O problema é que não dá pra ignorar um bias descarado á favor do Lula. Realmente, foi o que você (e o próprio Mino na entrevista) disse--não é incondicional. Pelo menos não é o Jornal do Povo que ameaça o Diogo Mainardi de morte

    Mas é incrívelmente frustrante folhear a revista e ver a quantidade de propaganda oriunda ou do governo federal (Afinal, quantos leitores da Carta Capital precisam saber sobre o Bolsa Família através daquele ultra-PC ad c/ um arco-íris racial digno de um episódio de Captain Planet). E mais, as estatais também anunciam de forma desproporcional relativo á iniciativa privada. A petrobrás comprar "encartes" na revista é um clientelismo absurdo.

    Por si, eu já acho isso motivo para descartar (Ha! I made a funny!) a revista como isenta--se Carta Capital realmente é a donzela cercada pelos ogros, o que que ela diria então sobre o príncipe encantado que toda semana entrega o lanche na sala da redação?

    Mas esse não é meu grande peeve (que passou de pet muito tempo atrás). É o fato de que pra um governo que utilizava os fundos de propaganda das estatais para lavar dinheiro pra subornar deputado aliado, usar o mesmo dinheiro proporcionalmente pra apoiar uma mídia simpatizante é um absurdo.

    Se o intuito do governo fosse atingir um maior número de pessoas, que eles colocassem a propaganda na Veja (semanal de maior circulação). Se fossem atingir uma classe social diferente, pois então que anunciassem no "Agora". Mas quando você abre a Carta Capital e a Veja da mesma semana e vê uma desproporção desse tipo, my eyebrows, permanently raised from birth, walk up to my temple and start beating me senseless until I say something.

    And just to preempt you: A idéia de que a Carta Capital precisa de grana do governo por que os malvados capitalistas não anunciam numa mídia que os critica é balela. The great achilles heel of capitalism is that its greed is unchecked--se a revista tem o público que o anunciante quer atingir, o anunciante vai pagar independentemente do cunho editorial da revista. Eles entregam a bala no pente pra receber de volta do cano without blinking an eye. E o mesmo argumento deveria valer pro governo--o governo não deveria ter fins políticos desse jeito. Se a Veja desce o pau neles, mas a petrobras precisa atingir um público alvo, bella roba--não se discrimina política quando o dinheiro é alheio. Infelizmente o governo acha que ganhar eleição é ganhar um aluguel de 4 ou 8 anos da máquina governista.

    E você sabe Rafa--o resto não é melhor: Veja can be just as biased and out of line as Carta Capital, mas quando um governo com histórico de usar "dinheiro não-contabilizado" pra fins políticos saca R$50 milhões em dinheiro sem dar um recibo usando cartão de crédito e a Carta Capital diz que é a "oposição procurando assunto", me dá vontade de mandar o Mino Carta (por maior respeito que tenho á ele), á redonda e sólida merda.

    O fato de que a revista admite ser pró-Lula me lembra aquela cena do "Talladega Nights" c/ Will Ferrel:

    "No offense Larry, but fuck you!"
    "What the hell--you can't just say no offense and insult people like that."
    "No, that's exactly what that means--that's why I said no offense. That means I can say what I want!"
    "..."

    Admitting you're pró-Lula doesn't restore the credibility you lost by unabashedly picking a side. E o fato de que as outras revistas não são idôneas não significa que você deve entregar a sua idoniedade por um apego ideológico. Quer dizer, unless you endorse the Rove-Dirceu school of Machiavellism.

    Ideologia é uma merda. O problema é que revista sem ideologia é medíocre (Time, Newsweek) e revista com ideologia é biased (Veja, Carta Capital). Nos resta o que? The Economist. Wait--stop, I know what you're gonna say about it...

    Quando eu contei prum amigo do meu pai que eu lia Carta Capital, a resposta dele, pra mim, define perfeitamente a minha filosofia nessas coisas: "Eu nem leio mais Estadão--eu concordo com tudo o que os caras falam. Leio a Folha."

    Pois bem Rafa, não estou pedindo que você assine The National Review, mas você pode pelo menos ler Veja junto c/ a Carta Capital?

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